Migas Para Um

A exposição Migas para Um, da artista visual Madalena Pequito, apresenta uma seleção de trabalhos que marcam um momento de viragem na sua trajetória pessoal e profissional. Nestes trabalhos mais recentes, Madalena mergulha num universo profundamente individual e introspetivo, onde a subjetividade se entrelaça com a força inevitável dos acontecimentos mundanos.

 

Este diálogo entre o íntimo e o coletivo reflete-se em composições que são, simultaneamente, confissões dos seus estados de alma e temas universais de uma sociedade em convulsão. As sua obras estão repletas de fragmentos de memórias vividas com outros – momentos passados com pessoas que se tornaram testemunhas e cúmplices do seu percurso. Essas memórias partilhadas evocam a dimensão coletiva do tempo, transformando-se em marcas indeléveis da nossa existência conjunta.

 

Migas para um não é apenas um exercício artístico; é também uma resposta ao imperativo constante de produtividade e de validação que caracteriza a geração de Madalena. Este impulso – tanto interno como externo – atravessa a obra como um prenúncio do zeitgeist contemporâneo, onde a realização individual é frequentemente medida pelo ritmo incessante de entrega e prova de valor.

 

Ainda assim, a artista recusa a linearidade ou o simplismo. Em vez disso, conjuga camadas de experiências, lembranças e observações com um gesto estético delicado, mas assertivo. O resultado é uma obra que é, ao mesmo tempo, um espelho do tempo que vivemos e uma afirmação da singularidade da sua visão criativa.

 

Com Migas para um, Madalena Pequito convida-nos a refletir sobre a relação entre memória e identidade, produtividade e pausa, solidão e partilha, pessoal e coletivo. pessoal e coletivo. Acima de tudo, a exposição propõe-se como um espaço de contemplação e partilha – um lugar onde as migas dispersas do passado e do presente se reúnem para formar um todo significativo e profundamente humano.

 

 

Texto e Curadoria de 

Ana Cristina Baptista

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